Susto

Na quarta-feira voltava de casa, após o almoço. Dirigia pela Anchieta no sentido litoral. Ia para meu trabalho. Na altura do Km. 17 uma moça resolveu atravessar a rodovia, saindo da expressa na direção do acostamento da marginal. Um caminhou parou (sim, ele parou na rodovia) para que ela terminasse a travessia. Este mesmo caminhão acabou encobrindo a visão da moça. Uma moto vinha na pista lenta. Quando um ao outro avistou, já era tarde. Ela foi violentamente atropelada por uma moto que, desgovernada e com motociclista sobre ela inconsciente vieram na minha direção, colidindo com a traseira de meu carro num movimento de curva que cruzou as pistas.
Encostei assim que me foi possível e corri na direção da garota. O motociclista estava do outro lado, na pista rápida, e já era atendido. Fui o segundo a chegar na garota que, ensaguentada tinha sua cabeça apoiada por uma senhora.
Dezenas de pessoas pararam para ajudar, inclusive um médico que orientou os demais e deu o primeiro atendimento aos dois.
Fiquei até às 20h no Batalhão.
Hoje fiz a Perícia no meu carro.


A nota positiva foi a ligação que recebi ontem à noite em casa.
Quando perguntei quem era, ouvi do outro lado:
- sou o Fábio, o rapaz do acidente de ontem!

Fui pego de surpresa. Achei que estivesse no hospital ainda. Ele parecia muitíssimo mal. A cara dos socorristas era péssima.
Conversamos por quinze minutos. Ele não lembrava de nada. Contei como foi.
Não o conhecia. Posso dizer que ainda não o conheço, mas mesmo assim um sentimento de compaixão tomou conta de mim e aquela ligação me trouxe um alívio enorme. Fiquei feliz.
Seria terrível saber que um rapaz, que vinha numa velocidade normal para a via, que não estava no corredor, tivera sua vida ceifada ou limitada pela imprudência de uma garota inconsequente. E tudo isto num estalo, num segundo.


De todas as lições que esta história me deixou, quero compartilhar duas com você:
1. nunca atravesse uma rodovia a pé.
2. ainda há muito de humano na humanidade.
Agora, passado o susto, penso que o grande desafio é fazer aflorar o melhor de nós todos os dias.
Nem tudo é maldade, nem tudo é gente ruim, nem tudo é isolamento.
As flores ainda podem brotar, ainda que no asfalto duro de uma rodovia movimentada.

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